quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Preços do arroz fecham agosto 2,18% mais altos

Os preços médios do arroz em casca em agosto subiram 2,18%, segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa. Em 31 de agosto a cotação média de uma saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10), valia R$ 23,39, o equivalente a US$ 14,68, pela cotação do dia. Ao longo do mês as cotações valorizaram, mas a segunda quinzena registrou decréscimo, gerando uma perda de quase 50% da valorização obtida até o dia 20 de agosto, em torno de 4%.

O aumento da oferta pelos arrozeiros, a retirada das grandes indústrias do mercado, a dificuldade do segmento industrial em repassar a alta da matéria-prima para o varejo, são fatores determinantes para esse movimento. A oferta aumentou porque os termos da renegociação de dívidas de arrozeiros estipulados pelo governo federal não foram acatados por muitas instituições financeiras. Estas, para liberarem novo custeio, exigem a quitação dos financiamentos em aberto e a apresentação de novas garantias. Raros produtores conseguem enquadramento.

O Mercosul, que não tem nada com isso, vem aumentando paulatinamente a oferta de grão na fronteira com o Rio Grande do Sul e para os estados do Sudeste e do Nordeste. Normalmente, agosto é um mês de alta para o mercado livre do arroz no Brasil, característica que vem sendo comprometida nos últimos anos em razão de fatores atípicos, seja o mercado internacional, o câmbio, a interferência da oferta do Mercosul (tradicionalmente concentrada no segundo semestre do ano safra), entre outros. Há pouco mais de cinco anos, era natural que os produtores esperassem para vender seu arroz a partir de agosto. Ao menos os que tinham fôlego para chegar lá.

O mês de setembro começou com estabilidade nas cotações médias do arroz em casca, variando entre R$ 23,26 a R$ 23,28 no Rio Grande do Sul, segundo o Indicador do Arroz Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa. Nesta segunda-feira, a cotação média foi de R$ 23,26, o que registra uma redução acumulada de 0,59% no mês. A estabilidade deve-se a um momento de “banho-maria” das cotações, com o mercado esperando uma definição ou sinais mais claros sobre as medidas do governo, o comportamento das cotações internacionais (e do câmbio) e, principalmente, na queda-de-braço entre indústria e varejo para repassar os custos da matéria-prima.

Ao mesmo tempo, o mercado espera assimilar o que acontecerá na relação entre arrozeiros e instituições financeiras. Muitos produtores não conseguiram liberar novo custeio, mesmo renegociando o custeio da safra passada e linhas de investimento e comercialização. Os bancos pedem novas garantias e, renegociando, não liberam mais recursos. Isso vem ocorrendo principalmente com os bancos privados e de fábricas. Sem novo recurso, os arrozeiros que ainda têm cereal estocado, passaram a ofertar o produto para subsidiar a nova lavoura.

Esse movimento não só foi decisivo para estancar a alta artificial das cotações, em razão da forte injeção de recursos do governo federal, como também sinaliza para um atraso no preparo do solo e no cultivo na safra 2011/12. Faltando praticamente 15 dias para o início do cultivo, é baixo o movimento de máquinas nas lavouras, inclusive por conta do clima, que não tem ajudado. O setor de produção já trabalha com uma estimativa de uma área até 10% menor em razão da falta de crédito de custeio, da baixa capacidade de investimento dos produtores em razão dos preços praticados pelo mercado, bem abaixo do custo médio de produção, do baixo percentual de preparo antecipado do solo e das dificuldades dos produtores entrarem nas lavouras nos últimos dias.

Este cenário indica que fatalmente haverá redução da tecnologia aplicada em boa parte das lavouras, fazendo prever, até o momento, que os volumes recordes da safra gaúcha e nacional 2010/11, não devem ser alcançados no próximo ciclo.

Nem tudo, porém, está perdido. O governo federal e as entidades setoriais certamente não permitirão que todo o esforço realizado até agora para sustentar os preços (almejando chegar ao referencial de preço mínimo de R$ 25,80 por saca no RS) tenha sido em vão. São esperadas algumas medidas governamentais de maior impacto, como a antecipação dos contratos de opções, na faixa de R$ 28,00 a saca, ainda para setembro, o uso dos contratos de opções para cobrir EGFs e outros contratos, e um “enquadramento” dos bancos conforme as regras do governo federal, inclusive com flexibilização das garantias (hoje em 2 por 1).

No mercado livre do Rio Grande do Sul a referência de preços está entre R$ 23,00 e R$ 23,50, com pressão levemente baixista. Em Santa Catarina, a média ainda é de R$ 22,00. No Mato Grosso, de R$ 25,00 para a saca de 60 quilos (55%), tendo como referência a AN Cambará.

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), manteve os preços médios da semana passada, de R$ 48,50 para o arroz beneficiado em sacas de 60 quilos, sem ICMS. Já o arroz gaúcho, em casca, segue estável em R$ 23,50. Na mesma condição vem a saca de 60kg de canjicão, cotada a R$ 33,50, e a tonelada do farelo de arroz, que manteve preços médios de R$ 270,00 (FOB/RS). A quirera, também em sacas de 60 quilos, é negociada a R$ 31,50, valor idêntico ao da semana passada.

De uma maneira geral os analistas esperam uma elevação nas cotações em setembro. Mas, com possibilidade de alguns sobressaltos atrelados, principalmente, ao fôlego do governo federal para sustentar os mecanismos de comercialização, ao repasse dos preços da matéria-prima ao varejo e ao consumidor, ao comportamento do mercado internacional (e das importações e exportações), e principalmente, da repercussão dos negócios entre os agricultores e os bancos.

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